Zona Azul em Juazeiro, de novo? Audiência pública discute o tema

Na tarde desta terça-feira (09), a Câmara Municipal de Juazeiro realizou uma audiência pública para debater o futuro do sistema de estacionamento rotativo Zona Azul, atualmente suspenso desde julho de 2023. A interrupção do serviço foi determinada pela gestão anterior, sob a justificativa de irregularidades na atuação da empresa responsável, a Sinalvida.

O tema vem sendo amplamente discutido, principalmente entre comerciantes e frequentadores do centro da cidade, que relatam dificuldades constantes para encontrar vagas de estacionamento. De acordo com relatos, muitas dessas vagas são ocupadas durante todo o dia por trabalhadores do próprio comércio, comprometendo a rotatividade e dificultando o acesso de clientes à região central.

A audiência foi conduzida pelo presidente da Casa, vereador Mitú do Sindicato, e contou com a presença do vice-prefeito Tiano Félix; do diretor-presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), Mitonho Vargas; do representante da 8ª CIRETRAN, Jackson Reis; do secretário de Desenvolvimento Econômico, Tércio Ramos; além de representantes da CDL, Sindilojas, Aciaj, agentes de trânsito, lideranças comunitárias e outras autoridades locais.

Durante o encontro, foram apresentadas e debatidas propostas para a possível retomada ou reformulação do serviço, considerando os impactos na mobilidade urbana, no comércio local e nos direitos dos cidadãos. O palestrante convidado, Ronaldo Miron — coordenador técnico da 15ª CIRETRAN-BA e especialista em Gestão Pública de Trânsito — trouxe experiências e dados relevantes, destacando o modelo implantado em Irecê (BA), onde atuou como superintendente de trânsito.

Representantes de clubes de serviço apresentaram um documento contendo 17 sugestões para uma eventual reestruturação da Zona Azul. Segundo Antônio Élder, presidente da CDL, o material foi construído a partir de uma assembleia que contou com a participação do Sindicato dos Comerciários e do Sindicato de Bares e Restaurantes de Juazeiro.

A audiência também contou com a participação ativa dos vereadores. O vereador Dionísio, por exemplo, defendeu a municipalização da Zona Azul, com gestão direta da prefeitura, permitindo que os recursos arrecadados sejam reinvestidos em infraestrutura urbana e sinalização viária. Outros parlamentares, como Bené Marques e Anderson da Iluminação, criticaram o modelo adotado por gestões anteriores, apontando falhas na fiscalização e na transparência.

Moradores e comerciantes também tiveram espaço para se manifestar. Alex do Mercado reivindicou mais atenção à área do Mercado Joca, onde a escassez de vagas é recorrente. O empresário da Master Magazine alertou para a perda de clientes para cidades vizinhas, devido à dificuldade de estacionamento em Juazeiro:

“A pessoa dá duas voltas, não acha onde estacionar e acaba indo para a cidade vizinha, onde também tenho loja.”

Já João Leopoldo sugeriu a ampliação da Zona Azul para áreas de eventos, como alternativa aos preços abusivos cobrados por flanelinhas. Ele também propôs que esses trabalhadores sejam capacitados e integrados formalmente à cobrança de taxas, de forma organizada.

Representando a gestão municipal, Tércio Ramos (ADEAP) e Mitonho Vargas (AMTT) afirmaram que o prefeito Andrei está comprometido com as mudanças necessárias. Segundo eles, a Zona Azul deve ser pensada não como um instrumento de arrecadação e punição, mas como uma ferramenta de mobilidade urbana eficiente, transparente e inclusiva, com o uso de tecnologia e a participação da sociedade.

Tércio destacou ainda que o debate está inserido em uma discussão mais ampla sobre o Plano Diretor do município, que visa promover o crescimento urbano planejado e sustentável, com a definição adequada de uso e ocupação do solo — inclusive no que diz respeito ao ordenamento do trânsito e à reestruturação da Zona Azul.

A expectativa é que, a partir dos encaminhamentos da audiência, a Prefeitura e os órgãos competentes avancem na construção de uma proposta que atenda ao interesse público, melhore a fluidez no trânsito e otimize o uso das vagas na área central da cidade.

Da Redação: TNR

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