Fonte: Agência Pública
Resumo:Para professor da UFMG Marco Aurélio Prado medida indica ofensiva antigênero como política de Estado
Por Andrea DiP
Recentemente incluída como possível agente de violência no Disque 100 do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos ao lado de crimes causados por orientação sexual, a “ideologia de gênero” – narrativa criada e fortalecida pela igreja católica especialmente nos anos 1990 e apropriada por políticos evangélicos e ultraconservadores no Brasil que se coloca sobretudo contra os estudos de gênero e os direitos LGBT+ – tem se tornado um instrumento cada vez mais significativo para disputas do campo moral, acredita o professor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marco Aurélio Prado.
Além de confundir os dados sobre violência causada por homofobia — algo já reconhecido juridicamente pelo Supremo Tribunal Federal — que chegam através do canal, a medida criaria fluxo de Estado para intimidar e criminalizar professores. “Uma vez que você chama diretor e professora para dar depoimento em uma ocorrência aberta por uma denúncia anônima do Disque Direitos Humanos em uma delegacia, acabou o debate de gênero naquela escola, né?”, questiona. E acrescenta: “É um pensamento reduzido, no sentido de uma economia reflexiva e por isso é um estereótipo preconceituoso. E como a “ideologia de gênero” se mostrou esse sintagma – ou seja junta nada com nada, é um significante vazio, portanto eu coloco tudo que eu quiser aí dentro: comunismo, homossexualidade, pedofilia, qualquer coisa do pensamento conservador cabe em “ideologia de gênero” por sua indefinição. Eles nunca definiram afinal o que é isso de fato. É um mundo de fantasia onde não tem pensamento, reflexão, contexto, história, debate”.
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