Os membros da Comissão Permanente de Patrimônio e Memória de Juazeiro-BA, preocupados com o possível desabamento ou demolição do prédio da Sociedade Beneficente dos Artífices Juazeirenses, que fica localizada na praça Dr. José Inácio da Silva, no centro da cidade, acionaram os órgãos da Prefeitura Municipal, bombeiros, Ministério Público e entraram em contato com IPAC Instituto do Patrimônio Cultural da Bahia para que o prédio não venha abaixo e com ele parte da memória histórica da cidade de Juazeiro-BA.
CIDADE SEM MEMÓRIA E IDENTIDADE CULTURAL
Um prédio de imensurável valor histórico e arquitetônico, a quase centenária a “Casa dos Artífices” sucumbe ao tempo, à falta de compromisso dos seus ex-administradores e da política equivocada de preservação à “Memória Arquitetônica e Histórica” por parte da atual e das antigas gestões do município.
A Sociedade Beneficente dos Artífices Juazeirenses, nome que foi designado inicialmente em 25 de dezembro de 1928 por influentes personalidades municipais, a exemplo de Dr. Edson Ribeiro, presidente fundador e também doador do terreno onde está edificado o Clube, têm relevantes serviços prestados à cultura da cidade das carrancas.
Graças aos seus fundadores, em 1932 foi criada a “Filarmônica, Primeiro de Maio”, nome em alusão a data da inauguração solene do Clube dos Artífices.
Personagens, que hoje figuram nomes de ruas e prédios públicos de Juazeiro-BA, como Agostinho Muniz, Cecílio Matos, Saul Rosas e tantos outros, contribuíram para que os Artífices fossem um local de fruição e efervescência cultural na sua época.
A porta de entrada da Casa dos Artífices já é por si só uma Obra de Arte, toda feita e entalhada a mão pelo escultor Edgard Bandeira, que no livro de João Fernandes da Cunha (212, P 158) é tratado como um exímio artista juazeirense, autor de esculturas notáveis.
O livro, Memória Histórica de Juazeiro, digitalizado, para fins de preservação, por Albano Souza Oliveira em Salvador – BA, Maio de 2012, trata a Sociedade dos Artífices como influenciadora da luta proletária em Juazeiro, com influência em outras cidades
“Marcou época a Sociedade Beneficente dos Artífices Juazeirenses, sobretudo pela liderança que assumiu na conscientização dos direitos e deveres do proletariado na região, fomentando e ajudando a fundação de entidades congêneres em Petrolina, Jacobina, Senhor do Bonfim e Xique-Xique, em cujo trabalho de proselitismo e de ação, teve atuação destacada o professor Agostinho José Muniz, o’principal baluarte da entidade e seu mentor intelectual.” (CUNHA, 2012, P. 157).
Segundo Fernandes da Cunha (2012, P. 158) Saul Rosas à frente da sindicalização e organização da classe operária, com o apoio do Professor Agostinho Muniz fundaram o Partido União Trabalhista de Juazeiro, de âmbito municipal, que alcançou vitórias eleitorais em Juazeiro de 1934 a 1937, quando foi extinto, em consequência do golpe que instituiu o Estado Novo.
Muito mais que uma entidade recreativa, como afirmou João Fernandes da Cunha. O prédio dos Artífices que agoniza e coloca em risco a vizinhança, já protagonizou e influenciou significativamente a História de Juazeiro. Já acolheu festejos, bailes, convenções partidárias e fatos memoráveis. Podendo ser um espaço de visitação, e formação identitária da querida e amada cidade de Juazeiro-BA.
Da Redação: Tá Na Roda
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