Esta semana, agricultores do Vale do Salitre, em Juazeiro, iniciaram diálogo com o Distrito de Irrigação do Perímetro Irrigado a fim de tratar da necessidade de aumento do fornecimento da água que cai hoje no leito do Rio Salitre, por meio da adutora situada na comunidade de Junco.
Durante reunião na sede do distrito de Irrigação, na comunidade de Lagoa, no último dia 11, foi considerado o fato de que a vazão da água que chega aos irrigantes nas propriedades às margens do rio, abaixo da comunidade de Junco, é controlada pela Agrovale, uma vez que a água é oriunda de canal que beneficia a empresa. Ela é responsável por regular os registros, deixando os agricultores e produtores salitreiros a mercê da mesma, lamentam os agricultores.
Nas últimas semanas, se intensificaram os problemas devido a baixa vazão do rio neste trecho que recebe água do Rio São Francisco. Diversos agricultores tiveram dificuldade para irrigar seus plantios, sendo necessário trabalhos manuais de limpeza e acordos para desligamento de bombas por parte de quem está situado nas proximidades da caída da água.
Vale ressaltar que a Associação Águas do Salitrinho, entidade responsável pela gestão da água que chega no rio Salitre via adutoras, vêm solicitando junto ao Inema autorização para realização de limpeza em trechos do rio com uso de máquina, o que facilitaria a água seguir seu curso. Contudo, até o momento o órgão não deu retorno, o que inviabiliza esta ação, visto que, caso a associação realize a limpeza sem autorização, pode vir a responder por crime ambiental.
Propostas
Para solucionar esta demanda atual e urgente, a proposta emergencial dos agricultores, em acordo com o Distrito de Irrigação do Perímetro, é a construção da terceira adutora, o que tiraria as famílias agricultoras da dependência da referida empresa, conforme informou o presidente da Associação Águas do Salitrinho, Roberval Amorim. Para dar seguimento a este encaminhamento foi apontada a necessidade de diálogo junto à Codevasf, deputados/as, senadores/as e poderes executivos para que haja orçamento para tal obra, cujo custo médio é estimado em pouco mais de R$ 500 mil.
A longo prazo, o que a Associação defende é que todo o Vale do Salitre seja contemplado com o Canal do Sertão Baiano, projeto que já vem sendo discutido pelo Governo da Bahia e Governo Federal. Em conjunto com a União das Associações do Vale do Salitre (UAVS) e Coletivo Enxame, a Associação Águas do Salitrinho já vêm pautando esta demanda junto à Casa Civil/BA e ao gabinete do governador Jerônimo Rodrigues, além de mandatos parlamentares e a própria Codevasf.
Roberval, que colabora com a gestão da Águas do Salitrinho desde sua fundação em 2015, questiona: “como uma região com um dos melhores solos do mundo, pioneira na irrigação, os agricultores sofrem ainda por falta de água?”. Essa problematização é constantemente levantada pelos/as agricultores/as e lideranças salitreiras.
Por Érica Daiane – jornalista
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