A Ingratidão dos Bandeiras e o descrédito Político de uma Liderança Histórica de Juazeiro

“A gratidão é a memória do coração.” Esta frase, frequentemente pronunciada por Joseph Bandeira, um dos líderes mais combativos de Juazeiro, não reflete a realidade de sua trajetória política. Bandeira, que já ocupou o cargo de prefeito e de deputado federal em duas ocasiões, construiu sua carreira com o apoio das forças progressistas e dos arranjos políticos do Partido dos Trabalhadores (PT).

Entretanto, a suposta gratidão que Bandeira pregava revelou-se uma mera bravata populista. O que se viu na prática foi um líder que transitou entre diferentes espectros políticos, desde a esquerda até a extrema direita, inclusive apoiando a eleição de Jair Bolsonaro em 2019.

Joseph Bandeira, que já foi um vigoroso combatente do ex-governador Antônio Carlos Magalhães, conhecido como “Toninho Malvadeza”, acabou se tornando um mero defensor dos interesses familiares de seu filho, Leonardo Bandeira, e de sua esposa, Flor de Maria. Ambos enfrentaram sucessivas derrotas em suas tentativas de retornar ao legislativo municipal.

Desde 2011, Bandeira tem visto seu prestígio declinar. Sua popularidade, que já foi forte, foi enfraquecida pelas sucessivas derrotas e pela instabilidade política do general sem patente. Na eleição de 2022, embora tenha desempenhado um papel crucial na eleição da prefeita Suzana e indicado Leonardo, o vice da prefeita, sua influência não foi suficiente para impedir que a máquina municipal favorecesse a candidatura a deputado federal de Adolfo Viana. Esse revés levou Bandeira a buscar novamente o apoio do PT, partido contra o qual ele havia proferido críticas. Apesar das suas declarações passadas, o PT o acolheu mais uma vez, e Bandeira conseguiu nomear Leonardo como Secretário de Estado no governo de Rui Costa.

Joseph Bandeira não tem razões evidentes para criticar os governos do PT. Em um dos momentos mais notáveis de sua carreira, recebeu a maior votação de sua trajetória política, com mais de 51 mil votos, graças ao apoio do então governador Jaques Wagner. Curiosamente, Bandeira parece ter se distanciado de suas próprias frases de efeito, como “A gratidão é a memória do coração.” ” Wagner não apenas possibilitou a Bandeira a indicação para todos os cargos estaduais em Juazeiro, mas também assegurou sua nomeação como Deputado Federal na Legislatura de 2007-2011, após ele ter sido o quarto suplente. A convocação dos deputados da mesma coligação para assumirem secretarias estaduais foi o que garantiu a Bandeira uma cadeira no parlamento federal.

A volta de Joseph Bandeira aos braços de Suzana não representa apenas um retrocesso político, mas também um ato de grande ingratidão para com o grupo liderado por Lula e Jerônimo. Além disso, essa mudança de lealdade parece ser um exemplo de oportunismo que desagrada especialmente seus eleitores, que em sua maioria são pessoas de origem humilde. Esses eleitores enfrentam dificuldades significativas, como longas filas em postos de saúde e hospitais, e sofrem com a falta de infraestrutura em Juazeiro, onde a sujeira, os buracos, as muriçocas e o acúmulo de lixo são problemas persistentes.

Enfim, um desfecho melancólico para Joseph Bandeira, que desperdiçou uma parte significativa do prestígio e da credibilidade política que lhe restavam, lançando-os no lixo, para cair de novo no colo daquela que até ontem, lhe foi madastra.

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