Não é negligência, nem fracasso. É um crime; escolha consciente de uma oligarquia global movida por ética de narcisismo e indiferença. A opção é a revolta – não só pelo que pode realizar, mas pelo que nos permite ser. Nesse devir, há esperança
O assassinato social, como Friedrich Engels observou em seu livro “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra” — escrito em 1845 e uma das obras mais importantes da história social — é intrínseco ao sistema capitalista. As elites governantes, escreve Engels, aquelas que detêm “controle social e político”, estavam cientes de que as duras condições de trabalho e de vida durante a revolução industrial condenavam os trabalhadores a “uma morte prematura e não natural”:
“Quando um indivíduo ocasiona danos físicos a outro, resultando em morte, chamamos o ato de homicídio culposo; quando o agressor sabe de antemão que o ferimento será fatal, chamamos de assassinato. Mas quando a sociedade coloca centenas de proletários em tal posição de modo que eles inevitavelmente se deparem com uma morte muito precoce e não natural, uma morte que é tão violenta quanto aquela ocasionada por uma espada ou bala; quando priva milhares do essencial para a vida, coloca-os em condições em que não podem viver — obriga-os, através do forte poder da lei, a permanecer em tais condições até que a morte vença, feito consequência inevitável — ou seja, quando ela sabe que esses milhares de vítimas vão perecer e, ainda assim, permite que permaneçam nessas condições, então sua intenção é a de assassinar, assim como quando um indivíduo sozinho comete assassinato; mas torna-se um homicídio disfarçado, malicioso, um homicídio contra o qual ninguém se pode defender, que não parece o que é, porque ninguém vê o assassino, porque a morte da vítima parece natural, pois o crime é mais por omissão do que por cometimento. Mas não deixa de ser assassinato”. — Friedrich Engels, “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”
A classe dominante utiliza grandes quantidades de recursos para mascarar esse assassinato social. Ela controla a narrativa na imprensa. Ela falsifica a ciência e os dados, como a indústria de combustíveis fósseis tem feito há décadas. Ela cria comitês, comissões e organismos internacionais, como as cúpulas do clima da ONU, para fingir que está lidando com o problema. Ou nega a existência do problema, apesar das drásticas mudanças nos padrões climáticos.
Faz tempo que os cientistas vêm alertando que, à medida que as temperaturas globais subirem, desencadeando o aumento das precipitações e das ondas de calor em muitas partes do mundo, as doenças infecciosas disseminadas por animais passarão a afetar as populações em qualquer época do ano, e se expandirão para as regiões do norte. Pandemias como a do HIV/AIDS, que matou aproximadamente 36 milhões de pessoas; a gripe asiática, que matou entre um e quatro milhões; e a COVID-19, que já matou mais de 2,5 milhões se espalharão pelo mundo com cepas cada vez mais virulentas, sofrendo mutações constantes, para além do nosso controle. O uso indevido de antibióticos na indústria da carne, que responde por 80% de todo o uso de antibióticos, produziu cepas de bactérias que se tornaram resistentes, e portanto, fatais. Uma versão moderna da Peste Negra, que no século 14 matou entre 75 e 200 milhões de pessoas, eliminando talvez metade da população da Europa, é praticamente inevitável, enquanto as indústrias farmacêutica e médica estiverem configuradas para ganhar dinheiro em vez de proteger e salvar vidas.,,,QUER LER O TEXTO NA ÍNTEGRA? Acesse https://outraspalavras.net/ e contribua para manter o jornalismo de conteúdo de qualidade e com mais profundidade QUE É OFERECIDO pelo Blog “Outras Palavras”.
Reprodução parcial: Tá Na Roda em 08 de março de 2021, às 8:14
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