“O racismo religioso quer demonizar Exu”, diz autor de livro sobre intolerância religiosa

Gustavo Domingues/RioTur

O babalorixá Sidnei Nogueira articula resposta jurídica aos ataques de fundamentalistas religiosos, depois da vitória de enredo sobre o orixá no Carnaval do Rio

30 de abril de 2022 08:00 

Mariama Correia

Reprodução: 11 de maio 2022

TNR

“Exu não é europeu, ele é Yorubá, é uma divindade preta. Então, o racismo religioso quer demonizar Exu” 

“Exu é liberdade, o contrário de Exu é encarceramento. Exu é vida” 

“Pessoas com influência tem que ser penalizadas. No mínimo, elas têm que se retratar, porque isso é discurso de ódio”! 

Quando a escola de samba Acadêmicos da Grande Rio foi sagrada campeã do Carnaval do Rio de Janeiro com um enredo que exaltou Exu (em iorubá: Èṣù), um dos principais orixás do candomblé e da umbanda, o babalorixá Sidnei Nogueira celebrou com seus mais de 75 mil seguidores do Instagram. “O carnaval deste ano foi uma resposta contra o racismo religioso”, postou. 

Não demorou muito para que os ataques de fundamentalistas religiosos começassem. “Evangélicos que não são meus seguidores vieram me atacar por mensagens privadas. ‘Tá repreendido em nome de Jesus’, ‘Você vai morrer’, disseram. Uma pessoa chegou a falar que eu tenho sangue nas mãos. Que eu matei a menina que morreu em um acidente com um carro alegórico. Como uma pessoa pode fazer essa associação?”, comentou em entrevista à Agência Pública poucos dias após o desfile. Assim como ele, outras lideranças de religiões de matriz africana relataram ataques virtuais desde o desfile da Grande Rio, que pretendia desmistificar a imagem da divindade africana, demonizada por grupos fundamentalistas cristãos no Brasil. 

“Exu é vida. Não é o demônio,” explica Sidnei Nogueira, que também é professor e doutor em Semiótica pela USP (Universidade de São Paulo). Na conversa, ele também falou sobre racismo religioso, ataques a Exu e a lideranças de religiões de matriz africana. Ele diz que está articulando uma mobilização com lideranças de terreiro e juristas para responder ao racismo religioso. “Existem ataques de influencers, políticos e cantores gospel. Minha proposta é que essas pessoas com influência tem que ser penalizadas. No mínimo, elas têm que se retratar, porque isso é discurso de ódio.”

Confira abaixo os principais trechos da entrevista em:https://apublica.org/2022/04/o-racismo-religioso-quer-demonizar-exu-diz-autor-de-livro-sobre-intolerancia-religiosa/?goal=0_069298921c-1f23991f07-288800206&mc_cid=1f23991f07&mc_eid=f114957458

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