Frequentemente esse debate vem à tona, que trata sobre a legitimidade de pessoas que não integram o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) usarem bonés, camisetas, bandeiras ou outros símbolos de luta do Movimento.
Dessa vez a polêmica surgiu no Twitter e viralizou nas redes sociais. Para falar sobre esse tema, convidamos Kelli Mafort, da direção nacional do MST, que nos conta um pouco sobre o porquê o Movimento incentiva que as pessoas, sendo militantes ou não, se apropriem dos símbolos de luta do Movimento.
“Nós sabemos que 85% da população brasileira vive na zona urbana e apenas 15% no campo. Então é fundamental que a questão agrária e a questão da Reforma Agrária sejam debatidas e incorporadas pelas pessoas que vivem nas cidades. Porque quem vive na cidade, vive o impacto do que é feito no campo”, conta Kelli.
Ela contextualiza sobre o surgimento desse debate dentro do Movimento, que aconteceu a partir de 1995, após o 3º Congresso Nacional do MST. “Ali nós avançamos na consciência de que a luta pela terra nós fazemos no campo através das ocupações de terra. Mas que precisávamos ganhar essa luta politicamente também nas cidades”, comenta a dirigente.
Após este Congresso, em 95 o MST passou a adotar o lema: “Reforma Agrária, uma luta de todos”, ampliando a relação entre campo e cidade, e buscando envolvendo trabalhadoras e trabalhadores urbanos e rurais na pauta da Reforma Agrária, para enfrentar as mazelas da questão agrária e da questão urbana juntas.
“Sabemos também que muitas pessoas zelosas levantam a sua voz para poder dizer: ‘não é legítimo que pessoas que não sejam do MST usem um boné do MST’. Nós agradecemos essa preocupação, mas dizemos que é preciso ampliar a nossa visão, e é preciso saber que a luta pela Reforma Agrária depende do engajamento de toda a sociedade”, menciona Mafort.
Fonte: MST
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