O jumento, um dos animais emblemáticos e folclóricos para a cultura nordestina, poderá desaparecer de vez até o final de 2022. É o que diz o alerta dos pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo e do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia.
A captura dos jumentos virou prática comum no Nordeste, ainda mais quando se soma os fatores de vulnerabilidade social, que leva a pessoas pobres a embrenhar-se nos matos em busca de renda.
O TNR flagrou na terça-feira (12) alguns jovens cercando três jumentos, inclusive um filhote, na zona rural de Juazeiro-BA. Segundo eles, com o propósito de vender os bichos, sem revelar quem seria o comprador.
O abate dos jumentos no Brasil cresceu 8.000% e segundo levantamento do Ministério da Agricultura. Só na Bahia foram abatidos mais de 5,4 mil animais, desde abril deste ano. A população de jumentos no estado baiano foi reduzida em quase 70%, caindo de 300 mil para 93 mil.
Só a região do Nordeste abrigava 86,7% da população desses animais, segundo dados de 2017 do IBGE. Em 2018, o número total de jumento era de 800 mil animais, de acordo com a agência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, no Brasil.
A comercialização da pele desses animais encontra mercado em Portugal, Espanha, Itália e também na China, que usa há milhares de anos uma gelatina do colágeno, retirado da pele dos jumentos para realizar tratamentos de saúde, como a insônia e a tosse seca.
A exportação da carne e do couro dos jumentos tem como mercado a China e o Vietnã. Na Bahia, são três frigoríficos autorizados a fazer o abate. Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul também têm unidades autorizadas.
O jumento que já tinha sido jogado à própria sorte com a mecanização da agricultura e a aquisição das motocicletas nas áreas rurais, tornou-se um vilão nas estradas ao provocar acidentes.
Em novembro de 2018, a juíza Arali Maciel Duarte, da 1ª Vara Federal, em Salvador, proibiu o abate de jumentos após denúncias de maus tratos e mobilização de organizações de proteção aos animais.
No entanto, em 2019, a prática do abate de jumentos voltou a ser legal, com a decisão do desembargador Kassio Marques, do Tribunal Federal da 1ª Região, que entende que a atividade assim como nos casos do bovinos, caprinos e suínos tem amparo legal
A comercialização de forma legal ou clandestina está levando o jumento a sua total extinção, em pouco espaço de tempo.
Fontes: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)/ Site Conjur/Edgardigital/Ufba/ Hypeness
Fotos: Tá Na Roda
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