Tá Na Roda
Na semana que se celebra o Meio Ambiente, a prefeitura de Juazeiro-Ba, através da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano realizou neste sábado (05) em conjunto com outros parceiros, o plantio de mudas de árvores nas margens do Rio São Francisco, a partir das 8h.
Uma iniciativa louvável, não fosse a urgência da sociedade juazeirense debater questões socioambientais mais relevantes, inclusive as que envolvem o Rio São Francisco, que todos os dias sofre com a degradação, com o despejo de esgotos vindo de pontos comerciais e até de condomínios da cidade. Não bastasse os produtos químicos vindos da fruticultura e o lixo deixado pelos frequentadores da Orla de Juazeiro.
A programação que deveria ter como foco ações de conscientização, respeito e preservação do rio São Francisco e a Caatinga, poderia também ser mais eficaz com a realização de Mutirão de limpeza nas margens do rio, colocação de coletores de lixo e a poda de arvores que já prejudica a visão e escurece o ambiente no período da noite na Orla II.
A prefeitura poderia fiscalizar e ordenar melhor o acesso de ambulantes no Parque Fluvial, restringindo a venda e consumo de bebidas alcoólicas e as aglomerações em tempos de pandemia, de jovens que descartam material plástico, garrafas de vidros e lixo de toda espécie no Parque. Sobretudo, observar e tomar providencias com relação a poluição sonora que tira o sossego dos frequentadores que buscam uma ambiente tranquilo e aprazível as margens do Rio.
Uma cidade com a importância turística e cultural como Juazeiro, não pode se apequenar numa programação que mais parece ações de instituições escolares e atividades de crianças do ensino fundamental.
Mesmo sendo um propósito nobre, a iniciativa não tem nenhum impacto educativo direto e nem despertará a consciência ambiental dos munícipes em relação a preservação do meio ambiente de forma ampla e sustentável. E mesmo tentando contextualizar a programação para sensibilizar os juazeirenses sobre as mortes por Covid19 no município, o evento não tem nenhum efeito pratico para alcançar esse objetivo.
Cabe a Prefeitura de Juazeiro sair da superficialidade e se aprofundar nos gargalos ambientais que Juazeiro precisa enfrentar e que tem sido recorrentes durante décadas, a exemplo da queima da cana, a redução da Caatinga para dar lugar a grandes empresas do agronegócio e uso indiscriminado de agrotóxico nas lavouras.
A pasta da SEMAURB precisa enfrentar e construir diálogos com a sociedade civil, bem como criar mecanismos para resolver efetivamente e não com medidas paliativas, o problema das muriçocas, das queimadas de lixo nas áreas urbanas, dos esgotos, a revitalização dos riachos que cortam a cidade, a poluição sonora e visual da cidade, entre outros tantos problemas de ordem ambiental, que não se resolve com o plantio de mais arvores na beira do rio.
O propósito do plantio das árvores com homenagem as pessoas que foram vítimas da Covid19, na cidade de Juazeiro, precisa sair do simbolismo e buscar de fato dar mais celeridade e transparência na vacinação da população juazeirense, combater e fiscalizar as aglomerações, que são os responsáveis pelo crescimento dos números de infectados e vitimas da doença em Juazeiro-BA
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